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Apetece-me espetar palavras. Sim, é esse o verbo. Apetece-me espetá-las com fúria só para dizer que escrevo com convicção. Não... Só para dizer que me liberto. Sim, é isso.

quinta-feira, março 24, 2005

Soneto

Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.

Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.

E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.

Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

Fernando Pessoa (1917)

1 Comentários:

Blogger Perséfone comentou...

Sim, gostei mui mui do poema, não vejo coisinhas a serem apontadas. Nem me sinto inteligente pra comentar qualquer coisinha entao gostei mui sim ;)

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26 março, 2005 17:19  

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