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Apetece-me espetar palavras. Sim, é esse o verbo. Apetece-me espetá-las com fúria só para dizer que escrevo com convicção. Não... Só para dizer que me liberto. Sim, é isso.

segunda-feira, abril 11, 2005

Depoimento


Deponho no processo do meu crime.
Sou testemunha
E réu
E vítima
E juiz
Juro

Que havia um muro,
E na face do muro uma palavra a giz.
MERDA! – lembro-me bem.
– Crianças......
– disse alguém que ia a passar.
Mas voltei novamente a soletar
O vocábulo indecente,
E de repente
Como quem adivinha,
Numa tristeza já de penitente
Vi que a letra era minha.....

Miguel Torga

5 Comentários:

Blogger Raio de Sol comentou...

excelente escolha... aliás como sempre... Jinhuz

11 abril, 2005 18:01  
Blogger SweetSerenity comentou...

Não estava nada à espera do desfecho. Quererá mostrar que não nos lembramos de muitas coisas que fazemos em criança? Ou simplesmente esquecemos dos momentos agoniantes? O.o
Sinceramente? Não faço a mínima ideia. Estive a inventar.
Beijo*

12 abril, 2005 12:37  
Anonymous Anónimo comentou...

eu gostei bastante quando o li..achei mt mt bom..acho k por vezes em momentos mais tristes e depressivos fazemos e dizemos coisas que nunca pensamos poder fazer ou dizer e que por vezes recriminamos nos outros...acho k é o nosso estado mais puro...mais verdadeiro..esse de desanimo ou raiva total..de deixar cair tudo e dizer tudo o que se sente...
Digo eu..k tb tou paki a inventar :P **

12 abril, 2005 16:07  
Blogger Unknown comentou...

Miguel Torga foi o primeiro poeta que li. Considero-o o meu "pai" literário e ainda adoro a sua poesia. Mas confesso que não me lembrava deste poema. Sabem de que livro é?

13 abril, 2005 22:31  
Blogger Unknown comentou...

Já sei: "Câmara Ardente", 1962. Descobri que o Torga chamou "Depoimento" a uma meia dúzia de poemas seus... safa! ;)

19 abril, 2005 22:12  

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