Depoimento
Deponho no processo do meu crime.
Sou testemunha
E réu
E vítima
E juiz
Juro
Que havia um muro,
E na face do muro uma palavra a giz.
MERDA! – lembro-me bem.
– Crianças......
– disse alguém que ia a passar.
Mas voltei novamente a soletar
O vocábulo indecente,
E de repente
Como quem adivinha,
Numa tristeza já de penitente
Vi que a letra era minha.....
Miguel Torga
excelente escolha... aliás como sempre... Jinhuz
Não estava nada à espera do desfecho. Quererá mostrar que não nos lembramos de muitas coisas que fazemos em criança? Ou simplesmente esquecemos dos momentos agoniantes? O.o
Sinceramente? Não faço a mínima ideia. Estive a inventar.
Beijo*
eu gostei bastante quando o li..achei mt mt bom..acho k por vezes em momentos mais tristes e depressivos fazemos e dizemos coisas que nunca pensamos poder fazer ou dizer e que por vezes recriminamos nos outros...acho k é o nosso estado mais puro...mais verdadeiro..esse de desanimo ou raiva total..de deixar cair tudo e dizer tudo o que se sente...
Digo eu..k tb tou paki a inventar :P **
Miguel Torga foi o primeiro poeta que li. Considero-o o meu "pai" literário e ainda adoro a sua poesia. Mas confesso que não me lembrava deste poema. Sabem de que livro é?
Já sei: "Câmara Ardente", 1962. Descobri que o Torga chamou "Depoimento" a uma meia dúzia de poemas seus... safa! ;)