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Apetece-me espetar palavras. Sim, é esse o verbo. Apetece-me espetá-las com fúria só para dizer que escrevo com convicção. Não... Só para dizer que me liberto. Sim, é isso.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Este Inferno De Amar

Este inferno de amar - como eu amo! -
Quem mo pôs aqui n'alma ... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh!, que doce era aquele sonhar ...
Quem me veio, ai de mim!, despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei ... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela?, eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

[Almeida Garrett - Folhas Caídas]

1 Comentários:

Blogger maresia comentou...

Amei assim um dia. Laiás, Ameu asim muitos dias, uns atrás dos outros... viajei do eterno infinito ao inferno profundo, mas dou graças aos deuses de me terem dado a possibilidade de afundar-me em pleno. não trocava o Amor ou o Sofrimento que senti por nenhum Paraíso na Terra, prefiro ter vivido a Leste

27 outubro, 2005 09:12  

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