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Apetece-me espetar palavras. Sim, é esse o verbo. Apetece-me espetá-las com fúria só para dizer que escrevo com convicção. Não... Só para dizer que me liberto. Sim, é isso.

domingo, maio 29, 2005

O vento geme lá fora


O vento geme lá fora

com um sotaque europeu.

Por dentro a sombra demora,

e há na alma um órfão que chora:

nada é próprio, nada é meu.

A noite passa, rangendo

sobre o que é casa e lugar.

E aos poucos vou me esquecendo,

vou como uma água descendo,

até o sono chegar.

Na confusão que, no escuro,

o pensamento contém

(a arder, impreciso e obscuro),

confio-me – ermo – ao futuro,

espero a paz de Ninguém.

O vento geme lá fora,

a se esgarçar nos beirais.

Pesa uma angústia sobre a hora,

e agora é como se outrora

e eu mesmo já não sou mais.


Renato Suttana

4 Comentários:

Blogger Pirikato comentou...

Este poema diz-me muito, nem sabes como...

31 maio, 2005 19:39  
Blogger JoaquimGilVaz comentou...

bem, dei com o teu blog um poucop por portas travessas, mas acho que vou encontrar aqui um cantinho para te visitar mais vezes....boa selecção de poemas...nada de poemas fáceis e vazio, sentimentalismos ocos e meramente estéticos... continua!!

02 junho, 2005 17:20  
Blogger Conceição Paulino comentou...

sensações fortes as k transmite este poema. Bjs e;) e bom f.s

03 junho, 2005 09:38  
Blogger Mauro comentou...

fez-me sorrir, o que já não é mau =)

03 junho, 2005 22:46  

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