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Apetece-me espetar palavras. Sim, é esse o verbo. Apetece-me espetá-las com fúria só para dizer que escrevo com convicção. Não... Só para dizer que me liberto. Sim, é isso.

quinta-feira, maio 26, 2005

Os Paraísos Artificiais

Na minha terra, não há terra, há ruas;
mesmo as colinas são de prédios altos
com renda muito mais alta.

Na minha terra, não há árvores nem flores.
As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês,
e a Câmara tem máquinas especialíssimas para
[desenraizar as àrvores.

O cântico das aves - não há cânticos,
mas só canários de 3.º andar e papagaios de 5.º.
E a música do vento é frio nos pardieiros.
Na minha terra, porém, não há pardieiros,
que são todos na Pérsia ou na China,
ou em países inefáveis.

A minha terra não é inefável.
A vida na minha terra é que é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.

Jorge de Sena

2 Comentários:

Blogger Pirikato comentou...

Sei lá quantas vezes li o poema, para lhe achar um sentido, até que li o titulo, estava distraido:)

28 maio, 2005 05:11  
Blogger aloeVera comentou...

uma pergunta : este poema tem alguma coisa a ver com "paraísos artificiais " de Baudelaire? não conhecia este poema de Jorge de Sena :) ***

28 maio, 2005 12:24  

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